Amor próprio…

Amor próprio…

Ontem encarei o espelho, acomodei-me na poltrona de braços largos e fiquei ali a namorar os meus detalhes. O tamanho dos meus olhos, o formato da minha boca, a minha cintura não tão fina e até as pontas duplas do meu cabelo.

Fiquei ali por horas, amando-me. Repetindo sem cessar: Moça, como és linda. Por favor, não confundas o meu amor próprio com o egocentrismo. Não, antes de conheceres a minha história. Eu passei a minha vida inteira vestida de patinho feio, fugindo do espelho e tratando-o como o meu pior inimigo. Eu o odiava por me mostrar tudo o que eu não queria ver.

A celulite espalhada e a longa distância entre a minha nuca e o meu glúteo. As estrias. A barriga nada chapada. O cabelo ressecado. As espinhas no queixo. As três linhas desenhadas na minha testa. O braço de maria-mole. Todas as vezes que ele escancarava minuciosamente tudo o que eu lutava para esquecer, discutíamos por horas. Eu chorava, desabafava e culpava-o por tudo. Pelos relacionamentos fracassados, pelos foras que recebi e até pelos olhares que nunca consegui atrair.

Eu não aceitava as minhas imperfeições. Elas gritavam o tempo inteiro aqui dentro, me cegavam e não me deixavam reparar no belo par de pernas que tenho. Nem no pequeno nariz que mora no centro do meu rosto ou na mulher inteligente, determinada e engraçada que sou – capaz de seduzir qualquer pessoa. A cada término, despedida e batida de porta eu me detestava mais.

Sentia-me rejeitada, feia e incapaz de despertar qualquer interesse num homem. Já pedinchei muito amor, supliquei cafuné, humilhei-me por elogios simplórios e odiei-me por não ser ‘bonita’. Deixei inúmeras vezes o meu amor-próprio de lado para manter alguém do meu lado, e todas às vezes saí com o ego ainda mais ferido e com o coração na mão.

Foi numa dessas decepções, com o rímel preto a escorrer pelas bochechas e o peito a sangrar que decidi mudar. Aos poucos fui mudando. De dentro para fora. Vesti a minha alma de amor, expulsei o rancor do meu peito e propus paz ao espelho. Hoje eu não me maltrato mais. Eu aprendi a amar os meus defeitos, o meu cabelo bagunçado, o sorriso torto, as olheiras profundas, a meia e o chinelo. Os dois quilos a mais, as falhas na sobrancelha e a coluna levemente curvada.

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Parei de me cobrar tanto e comecei a cobrar mais dos outros. Quem gosta de verdade, fica contigo de vestido e pijama. Com defeitos e qualidades. Com ou sem maquilhaem. Hoje o meu peito sorri, quando vê a mulher linda que reflete no espelho, porque a alma reflete aquilo que o coração guarda. E o meu coração guarda amor. Amor próprio.

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