Um genocídio está a acontecer na República Democrática do Congo (RDC). Mais de 6 milhões de pessoas (das quais metade são crianças com menos de 5 anos!), foram massacradas, sob uma indiferença geral e com o apoio dos Estados Unidos e da Europa!
Centenas de milhares de mulheres e de raparigas foram violadas e mutiladas pelas tropas de ocupação. Isto com o único objectivo: para se apoderarem das riquezas minerais excepcionais que se encontram no subsolo do país…
Como os conflitos parecem ser internos, dizendo unicamente respeito à África, ninguém pode acusar os EUA e as outras potências ocidentais, por se aproveitarem dos recursos e das riquezas do Congo, uma vez que não têm uma intervenção directa. Não há dúvida, que é muito mais prático deixar os povos matarem-se entre si. Em paralelo, os EUA apoiam as ditaduras que se sucedem no Congo e as milícias da Ruanda e da Uganda. É uma maravilha.
A pobreza mantida e as condições de vida miseráveis, as violações constantes (quando a taxa de SIDA é superior aos 20%, nas províncias a Leste do país), a deslocação da população, os ultrajes, as epidemias, etc. Trata-se de uma estratégia de desumanização usada para tornar as vitimas impotentes. Não existem palavras suficientemente duras para descrever esta terrível situação.
A nossa obrigação como cidadãos do mundo é, portanto, de fazer circular esta informação, para que o mundo saiba, antes que algo mais aconteça. Existem culpados tanto em África como na Europa. O silêncio dos poderosos mata tanto como o barulho das metralhadoras. Ponhamos os assassinos face às suas responsabilidades.
Como podem 6 Milhões de mortos serem absolutamente silenciados, sem qualquer repercussão mediática?
O balanço é pesado: 6 milhões de mortes, próximo dos 4 milhões de deslocados, campos de refugiados saturados e centenas de milhares de pessoas empobrecidas. As populações não morrem debaixo de fogo. Elas morrem, maioritariamente, de doenças e de fome. As armas de guerra são a violação e a destruição do tecido social.
Para a exploração do acrónimo de colombite-tantalite, esgota-se as populações locais, empobrecendo-as, violando-as, incitando-as a ir embora. Destruindo, para esse fim, as infra-estruturas sanitárias, transformando, assim, a mais pequena patologia mortal. O acrónimo de colombite-tantalite é um cascalho preto que se encontra na lama e que possui um poder económico muito pesado. 80% das reservas mundiais estão na RDC. O acrónimo de colombite-tantalite contem tântalo e todo o planeta quer. Trata-se de um elemento químico adaptado às superligas da indústria da aeroespacial e aos condensadores no domínio da electrónica. Indispensável na produção de tablets e smartphones.
A debandada a volta do acrónimo de colombite-tantalite é organizada pelas grandes multinacionais longínquas, pelos mafiosos e pelos ditadores dos países vizinhos.
Os agricultores da província de Kivu são perseguidos, caçados. A militarização da economia gera a comercialização da violência. As milícias propõe os seus serviços para aterrorizar, torturar, violar. O ódio étnico é exposto, como numa montra, para justificar as acções, mas é só areia para os olhos. A realidade é outra, a violência atende à concorrência comercial.
O historiador David Van Reybrouck, num Opus admirável que se dedicou ao sujeito «Congo» chez actes sud, descreve os mecanismos da região e admira-se com o facto de 6 milhões de mortos não ter qualquer cobertura mediática e nem provocar qualquer indignação popular.
«Ela desapareceu da actualidade mundial porque era inexplicável e confusa. Para cobrir guerras, o jornalismo recorre a um enquadramento de referências morais, nesta guerra do Congo não há um lugar dedicado aos bonzinhos».
E quando, com alguma regularidade, uma reportagem vem descodificar esta guerra, não tem eco, não há nenhuma reacção da opinião pública, é o silêncio da comunidade internacional. Ninguém quer saber e todos se acomodam.
(isto nunca será foto de capa do jornal Libération, não sonhem…)
l’Indigné du Canapé
Em baixo a reportagem “Crise no Congo – A Verdade Exposta”, legendado em português
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