Eu não controlo a minha ansiedade, aceita isso…

Os amigos, as pessoas mais próximas e a sociedade como um todo começaram, de um jeito bizarro, a achar que a ansiedade é como o volume de uma música que toca na playlist do telemóvel e eu posso, simplesmente, baixar. Deixar inaudível. Tornar-me imune ao som, aos efeitos, às sensações.
Não é fácil deitar na cama para descansar e rever todas as falas do dia, as decisões tomadas e todas as outras que preferi me abster, não ter, não tomar, ignorar. Não é fácil deitar na cama para relaxar os músculos e se ver tenso, rígido, nervoso por coisas que ainda não aconteceram, por coisas que eu queria que acontecessem e por tantas outras que sei que, humanamente, são impossíveis de acontecer.
A vida de um ansioso não é o drama que muitos pensam. É a inquietude no coração que poucos sentem. É, justamente, sentir que a tua cabeça não pára sequer um segundo. Enquanto os olhos estão abertos, os pensamentos estão acelerados, os casos estão criados, as cenas são vistas em flashes, diálogos são pensados, modificados, remodificados, situações são inventadas e o pior de tudo é que tudo é real. Não são pesadelos que a gente abre o olho e pensa – ufa, era só um pesadelo. São sentimentos tão reais quanto um corte à faca quando se está descascando uma maçã.
Diversas são as dicas que, volta e meia, alguém me dá – ah, faz yoga – ou – já tentaste tomar florais? Pensando bem, tudo isso pode até surtir algum efeito, mas o que a gente precisa mesmo é reaprender a lidar com os nossos sentimentos, reconhecer quem somos. Redescobrir isso. É que o fluxo dos dias, das vontades, dos sonhos está rápido demais, e, pensa comigo, se nós ansiosos já somos ligeiros em pensamento, imagina o turbilhão de emoções que é viver num mundo que é cem vezes pior?

E então, por fim, podes me perguntar – o que posso fazer para te ajudar? – abraça-me. Não me peças para mudar como se fosse fácil, simples ou como se tudo que eu sinto fosse ridículo demais para ser sentido. Eu já me auto-julguei dessa mesma forma e garanto – eu não controlo a minha ansiedade, aceita isso.

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Tudo que um ansioso menos precisa é de dedos que apontem os erros. Usa a mesma mão para me dar carinho. Aceita-me, assim como eu tenho tentado fazer. Sei que não é fácil se ver no epicentro de um terremoto, mas se eu que já sinto os abalos aos troncos e barrancos tenho seguido, tu que só me vês tremer podes também me envolver nos teus braços para diminuir a minha pressa e me fazer, ao contrário de todo o restante do tempo, não querer mais que o tempo passe.

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