São duas da manhã e apetece-me gritar!
Gritar, chorar e cair perante o mundo inteiro. Gritar que te amo mas que o amor é uma valente merda.
Chorar pela minha incapacidade de suportar esta tua ausência e pela raiva de tanto te amar.
Cair de joelhos sobre o chão molhado da chuva que se sente lá fora para assim sentir me mais viva, para me acordar a mim mesma desta sobrecarga de sentimentos que em mim descarregas te.
Durante anos vi-te ao longe. Nas fotografias que denunciavam os teus traços nunca apagados da minha memória, entre multidões de gente por onde passava. E queres saber?
Houve alturas em que nem te vi. Era apenas o desespero da minha mente que tanto desejava te encontrar.
E encontrei-te diariamente nas situações em que nos revia, onde eu gostava de as experienciar ao teu lado. Porque afinal era nos teus braços que eu seria feliz. Feliz no sentido literal da palavra e não apenas feliz por simples conformismo. Feliz como tanto desejei.
Hoje, 8 anos depois de conhecer esse teu maravilhoso ser (sim, já lá vão mesmo 8 anos) esse teu ser que me fez apaixonar. Que mostrou que o amor existia e que era mais, muito mais forte que qualquer tempo ou distancia. passados 8 anos.. deparo me com a situação mais dolorosa de sempre. Tu encontras te o teu amor. Não te culpo por isso. Tu mais que ninguém mereces ser feliz, mereces dar tudo de ti a alguém presente. E que não te faltem duvidas que essa vai ser a mulher mais feliz do mundo. Não posso nem consigo aceitar. Mas quero esquecer. Por favor diz me como.
Foram anos a amar-te em segredo, anos a amar-te no vazio. Anos sem ti mas que incrivelmente só me fizeram amar te mais. E agora diz-me.. como?
E se estiveres a ler isto irias perguntar-te.. como podes desesperar com o meu amor por ela quando dormiste nos braços de outro homem durante anos?
Sabes, aquele homem preencheu o vazio que o destino me arrancou. O teu vazio. Aquele homem foi o meu porto de abrigo, foi o ombro que precisei para chorar, para me apoiar e para me levantar durante os anos da tua ausência. Mais uma vez não te culpo pela ausência. Se há alguém que deva culpar sou eu. Aquele homem foi o amor que adormeceu o meu enorme amor por ti e aquele homem fez me feliz, dentro do possível e até ser possível. Mas queres saber? Nunca foi o teu amor, nunca foi o teu abraço, nunca foi o teu olhar, nunca foi o teu beijo quente nem nunca em qualquer circunstância foi um amor tão grande, tão enorme, tão imenso como o teu!
Sim, eu amei-te em segredo, sim, escondi o teu amor nos braços de outra pessoa mas como poderia eu suportar tanta dor de outra forma? Ter-te era impossível e por isso fui vivendo, deixei-me levar e conformei-me com aquele ‘amor’ tão incompleto.
Tenho ainda tanto para te dizer, mas depois.. talvez depois meu amor.
Amo-te tanto.
A tua Inês.