A campeã do mundo de xadrez recusou participar em mundial na Arábia Saudita honrando assim os direitos das mulheres.
Anna Muzychuk não vai defender o título de campeã questões culturais. Em causa está concretamente a obrigatoriedade das jogadoras andarem acompanhadas na rua e usarem um traje previamente definido pela organização, como calças escuras e camisas com golas altas. Anna recusa assim sujeitar-se às regras impostas às mulheres pelo país organizador.
A campeã mundial por duas vezes afirmou numa publicação da sua página do Facebook: ” Não quero jogar pelas regras de outros, não quero usar abaya [veste árabe obrigatória para mulheres], não quero ter de andar acompanhada para sair e, no geral, não me quero sentir uma criatura secundária“.
Anna escreveu que o faz para ser coerente com os seus valores: “Estou preparada para me erguer pelos meus princípios e não ir a um evento onde em cinco dias deveria ganhar mais do que ganho numa dezena de eventos juntos. Tudo isto é irritante, mas o mais perturbador é que quase ninguém se preocupa”, acrescentou Anna.
A organização do campeonato abriu uma excepção para que as mulheres pudessem jogar sem o véu islâmico, o hijab, para tapar a cabeça, no entanto manteve a obrigação de utilizar um traje que cubra todo o corpo da mulher.
Este ano, mais concretamente em Fevereiro, Nazi Paikidze, campeã norte-americana, recusou participar no mundial feminino no Irão, pela obrigatoriedade de utilizar o véu na cabeça. Por sua vez, Anna Muzychuk decidiu participar e aceitou utilizar o véu, algo que considerou “mais do que suficiente”.
Quando a atleta anunciou que não participaria na competição na Arábia Saudita questionou: “Primeiro o Irão, depois a Arábia Saudita. Pergunto-me onde será o próximo campeonato do mundo feminino será organizado. Apesar do prémio recorde, não fui jogar em Riade, o que significa perder dois títulos de campeã mundial. Arriscar a minha vida, usar abaya o tempo todo? Tudo tem o seu limite e os véus no Irão foram mais do que suficientes”, desabafou Anna.
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A sua irmã, Mariya Muzychuck, dois anos mais nova que Anna, seguiu-lhe os passos, não apenas no desporto mas também nas convicções, recusando-se igualmente a participar no campeonato mundial de xadrez na Arábia Saudita e apoiar a irmã.
Um enorme exemplo de apoio e defesa dos direitos das mulheres, que infelizmente nem todas a eles têm acesso