Mãe Desnecessária | Dalai Lama
A boa mãe é aquela que se torna desnecessária com o passar do tempo. Ouvi essa frase algumas vezes de um amigo psicanalista, e ela sempre me soou estranha.
Depois entendi que chega a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria debaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha imensa, para quem é mãe. (…) Todavia hoje essa verdade, é absolutamente clara para mim.
Se eu fiz o meu trabalho como deve ser, então tenho que me tornar desnecessária. Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto deles não conseguirem ser autónomos, confiantes e independentes.
É permitir que eles estejam prontos para traçar o seu rumo, fazer as suas escolhas, superar as suas frustrações e cometer os próprios erros também.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida.
Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
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Pai e mãe – solidários – criam filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar. Dê a quem você Ama : Asas para voar. Raízes para voltar. Motivos para ficar.