Em entrevista ao filósofo Mario Sergio Cortella concedida à Revista Crescer ele deixou claro que n ão é só a educação dos filhos que é necessária, a dos pais também e o grande desafio da atualidade é acompanhar as transformações para não ficar para trás. Sim, vivemos um tempo de reviravoltas sem precedentes: na tecnologia, no trabalho, nas relações. Nesse contexto, mudar não é apenas imprescindível, mas inevitável. Principalmente quando se fala em educação.
“Uma parte das famílias perdeu um pouco a referência dada à velocidade das mudanças e à rarefação do tempo de convivência com as crianças. Isso fez com que muitas acabassem terceirizando o contato com os filhos e delegando à escola aquilo que é originalmente da sua responsabilidade. Só que isso perturba a formação das novas gerações. É claro que criar pessoas dá trabalho e exige esforço.
Acontece que, no meio de todas essas mudanças, alguns pais e mães ficam desorientados. Por isso, é necessário que eles encontrem apoio, em livros, revistas, grupos de discussão. Não é só a educação dos filhos que é necessária, mas a dos pais também”.
Uma das coisas mais importantes na vida é entender que a palavra prioridade não tem “s”. Não tem plural. Se disseres: “tenho duas prioridades” é porque não tens nenhuma. Então, deves estabelecer qual é a tua prioridade. A tua prioridade é o convívio familiar? Então dá força a isso. É a sustentação económica? Vai fundo. Só que, ao escolher, não sofras.
É evidente que ninguém precisa abandonar a carreira em função da família, mas é necessário procurar o equilíbrio – da mesma forma como se faz para andar de bicicleta: só há equilíbrio em movimento.
Se parares, desabas. Tem em mente que haverá momentos em que a família é o foco. Em outros, a carreira. Mas lembra-te de que a vida é mais como maratona do que como uma corrida de 100 metros rasos: não sais disparado feito um louco. Há horas que vais mais rápido, outras em que desaceleras. O segredo é ir dosando”.
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Atualmente, atribui-se muita responsabilidade na escola. A escola fica quatro ou cinco horas com as crianças, num dia que tem 24 horas, com 30 alunos juntos. É um estabelecimento que deve ensinar a educação para o trabalho, educação para o trânsito, educação física, artística, religiosa, ecológica e ainda português, matemática, história, geografia e língua estrangeira moderna. Supor que uma instituição com essa carga de atividade seja capaz de dar conta daquilo que uma mãe ou um pai é que tem que ensinar a um filho ou dois é não entender direito o que está a acontecer.
A função da escola é a escolarização: é o ensino, a formação social, a construção de cidadania, a experiência científica e a responsabilidade social. Mas quem faz a educação é a família. A escolarização é apenas uma parte do educar, não é tudo. Já tem personal trainer, personal stylist, agora querem personal father, personal mother. Não dá, é inaceitável”.