O esgotamento psicológico nos enfraquece física e mentalmente. É uma dimensão que surge como resultado dos “muitos”: muitas decisões, muitos pensamentos invasivos, muito trabalho, muitas obrigações, muitas interrupções, muita ansiedade… Ao mesmo tempo, também é reflexo de muitos “poucos”: pouco tempo de qualidade para si mesmo, poucas horas de sono, pouca paz interior…
Às vezes simplesmente te cansas, ficas esgotado e sem forças nesse canto solitário do desânimo, onde tudo perde sua razão de ser, seu brilho, sua espontaneidade…
Por outro lado, um aspecto que às vezes nos leva a cometer erros é pensar que esse esgotamento psicológico se deve, em essência, a uma acumulação fatídica de erros, de más decisões, de fracassos ou decepções. Não é verdade. Na maior parte das vezes, o cansaço é o resultado directo de um volume excessivo de tarefas e actividades que assumimos sem perceber.
Todos nós já ouvimos aquela frase que diz que a percepção da nossa realidade depende às vezes de como vemos o copo, se meio cheio ou meio vazio. No entanto, e em relação a esse tema, poderíamos formular a pergunta de outro modo. E tu, quanto de água conseguirias aguentar se estivesses com esse copo na mão? Às vezes basta apenas uma gota a mais para encher o copo e chegar ao limite das nossas forças.
Sinais e consequências do esgotamento psicológico
Fadiga física e perda de energia. A sensação de esgotamento chega às vezes a um nível que é comum nos levantarmos pela manhã com a firme convicção de que não vamos conseguir lidar com a nossa jornada.
Insónia. No início é comum acordar subitamente durante a noite, mas posteriormente podemos sentir grande dificuldade para pegar no sono.
Perdas de memória. Segundo um artigo publicado na revista “The Journal of Forensic Psychiatry & Psychology”, o esgotamento psicológico costuma produzir uma alteração cognitiva chamada “efeito de desinformação”. Isso nos faz confundir dados, lembrar de informações de forma incorreta, misturando imagens, pessoas, situações…
Entre os sintomas físicos, é comum sentir palpitações, problemas digestivos, dores de cabeça, perda ou aumento excessivo de apetite…
A nível emocional, é bastante comum nos sentirmos mais sensíveis e, ao mesmo tempo, apáticos, irritados e pessimistas.
Além disso, outra característica comum é a anedonia, ou seja, a incapacidade de sentir prazer, de aproveitar as coisas tanto quanto antes, já não temos mais esperança, a vida se torna mais cinzenta e o mundo fica suspenso num horizonte distante, onde ouvimos seu barulho ao longe…
“O sono é um bom colchão para o cansaço.”
-Juan Rulfo-
Como enfrentar o esgotamento psicológico
Eric Hoffer disse que o pior cansaço vem do trabalho não realizado. Essa é uma grande verdade. Às vezes, o verdadeiro esgotamento é formado por tudo o que queremos fazer e não fazemos. Por todos aqueles objectivos quotidianos que nos propomos e que não conseguimos realizar, que ficam frustrados porque nosso nível de exigência ou as pressões do ambiente são muito altas.
No fim, a gota enche o copo e o copo já está bastante cheio. É nesse momento que tudo escapa das nossas mãos. Assim, o que deveríamos fazer nesses casos, antes de mais nada, é tomar consciência do que está a acontecer. O esgotamento psicológico está aí e devemos evitar que a “criatura” se torne maior, mais obscura e opressiva. Vamos reflectir, portanto, sobre as seguintes dimensões, nesses passos que deveríamos colocar em prática.
3 permissões que deves conceder a ti mesmo para escapar da fadiga mental
Dar permissão para te reencontrares. Pode parecer irónico, mas o esgotamento psicológico tende a nos aprisionar em camadas de preocupações, auto-exigências, pressões, deveres e ansiedades até chegarmos ao ponto de nos esquecermos de nós mesmos. Dá permissão a ti mesmo para te reencontrares. Para isso, nada melhor do que separar uma hora por dia para reduzir ao máximo todo tipo de estímulo (sons, luzes artificiais…). Devemos ficar um tempo num ambiente tranquilo, onde nos limitamos a “ser e estar”.
Dá permissão a ti mesmo para priorizar. Esse é, sem dúvidas, um ponto essencial. Lembra-te do que é prioritário para ti, o que te identifica, o que amas, o que te faz feliz. O resto será secundário e não será merecedor de tamanho investimento emocional e pessoal da tua parte.
Dá permissão a ti mesmo para ser menos exigente. O dia tem 24 horas e a vida, queiramos ou não, é limitada. Vamos aprender a ser realistas, aproveitar o tempo sem colocar pressões em nós mesmos e sem exigir que tudo seja perfeito. Às vezes basta que tudo seja igual a ontem, com o seu equilíbrio humilde e tranquilo.
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Para concluir, sabemos que a nossa realidade é cada vez mais exigente, que às vezes queremos fazer tudo. No entanto, nunca é demais se lembrar de uma ideia. Somos feitos de pele, carne, coração e tendões psicológicos que devem ser alimentados com tempo de qualidade, descanso, tranquilidade e lazer. Vamos aprender a nos priorizar, a cuidar de nós mesmos como merecemos…