Existem maus-tratos que não deixam marcas físicas, mas sim emocionais, abrindo feridas difíceis de cicatrizar e curar. Situações protagonizadas pelo domínio de uma pessoa sobre outra onde o desprezo, a ignorância ou a crítica são os principais elementos de um relacionamento.
Uma palavra, um gesto ou simplesmente um silêncio podem ser suficientes para lançar uma punhalada direta no coração. Um coração que vai se enfraquecendo pouco a pouco, ficando anestesiado diante de qualquer possibilidade de insurreição, porque o medo e a culpa foram instaurados.
Os maus-tratos emocionais são um processo de destruição psicológico no qual a fortaleza emocional de uma pessoa fica totalmente vulnerável.
Seduzir para prender
O perigoso dos maus-tratos deste tipo são as suas conseqüências e a sua habilidade de passar despercebido. Os maus-tratos emocionais são um processo silencioso, tendo conseqüências devastadoras para a vítima.
O seu inicio é lento e silencioso, exercido por uma pessoa disfarçada de encanto com o objetivo de seduzir as suas vítimas para aprisioná-las, especialmente em relacionamentos de casal. Desta forma, a realidade que o agressor mostra é uma realidade falsa, cheia de promessas e desejos que nunca se tornarão realidade.
O agressor vai preparando o terreno para que a outra pessoa caia nas suas rédeas pouco a pouco, e consegue finalmente influenciá-la para dominá-la e privá-la de qualquer liberdade possível.
O poder do cárcere mental
A pessoa vítima de maus-tratos emocionais se encontra encurralada num cárcere mental de invalidez e insegurança no qual a sua autoestima vai se debilitando pouco a pouco.
Assim, quando a vítima foi presa, o agressor começa a revelar-se diante dela através do desprezo, das críticas, dos insultos ou mesmo do silêncio. Por isso, as marcas destes maus-tratos não são físicas e não há feridas visíveis na pele da vítima, porque ele se exerce através das palavras, do silêncio e dos gestos.
O dano causado nestas situações é tamanho que o medo de agir para se libertar muitas vezes é um impeditivo. O cárcere mental é tão sólido que a vítima entra em uma profunda situação de impotência, para a qual não vê saída.
As feridas invisíveis da alma
As feridas dos maus-tratos emocionais são chagas profundas que chegam até os cantos mais escondidos do interior da vítima. Não se veem, nem se ouvem, mas são terrivelmente sentidas pela pessoa que as sofre. Feridas ocultas para os outros, mas profundamente dolorosas para a pessoa que sofre.
As feridas criam um profundo buraco na auto-estima da pessoa, quebrando qualquer julgamento positivo de si mesma.
São feridas originadas através do desprezo e de desqualificações que o agressor tenha direcionado à vitima. Feridas invisíveis e enraizadas no medo, na culpa e na dúvida que arrebatam a crença de qualquer possibilidade de agir para se libertar da situação na qual a vítima se encontra.
Como reparar as marcas dos maus-tratos emocionais na alma?
Nestes casos, o factor mais importante é que a vítima possa identificar a situação na qual se encontra amarrada, onde carrega toda a possibilidade e culpa que o agressor lhe causou. Portanto, ganhar consciência de que nos encontramos num processo de maus-tratos emocionais é o primeiro passo para a libertação.
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Uma vez que saibamos onde estamos mergulhados, recuperar as pessoas que amamos e nos apoiar neles para que possam nos facilitar a saída desta situação contribuirá para que sigamos em frente. Pouco a pouco, com os seus gestos de amor e carinho, podem ir preenchendo alguns dos vazios que tenham se formado em seu interior.
Reparar as marcas de maus-tratos emocionais na alma não será um processo simples nem rápido, mas sim complexo e lento. Contudo, a satisfação de voltar a se encontrar sempre valerá a pena.