Helena Braga descobriu a fórmula que a comunidade científica procurava há duas décadas, para multiplicar a capacidade de armazenar energia em baterias.
“Esses resultados acabaram por ser os primeiros que publicámos num artigo em conjunto”, conta Helena Braga, via Skype, a partir do Texas.
A inovação que faltava, acreditam, para o sol e o vento poderem disputar o lugar do petróleo, gás natural e carvão como principais fontes de energia na rede elétrica. E para os carros movidos a eletricidade passarem a dominar a indústria automóvel.
Talvez soe mais familiar o termo “bateria recarregável”. Dessas que todos usamos, a maioria no telemóvel, mas também no computador portátil, no tablet, no leitor de música, nas máquinas de fotografar e filmar, no GPS e até no cigarro eletrónico ou no hoverboard, o novo veículo-brinquedo que é uma espécie de mistura entre skate e segway.
São as baterias de iões de lítio que dão vida a estes equipamentos sem fios – e não só. Alimentam aviões e carros elétricos. Estão por todo o lado. No topo da pirâmide do seu enorme potencial, permitem armazenar energia solar e eólica, embora com um (grande) senão: os custos elevados e a capacidade reduzida travam a sua comercialização em larga escala.
E se uma nova geração de baterias, com uma arquitetura diferente, pudesse mais do que triplicar a capacidade de armazenamento e, como bónus, ter custos mais comportáveis? Eureka! É esta a solução apresentada por John Goodenough e Helena Braga.
Abre-se a porta para “aumentar drasticamente” a autonomia dos carros elétricos – a maioria só circula cerca de 200 quilómetros de cada vez – e torná-los competitivos, também no preço, face aos que usam combustíveis fósseis. Ganha também realismo a ambição de armazenar um grande volume de energia renovável, até aqui impossível.
É um novo mundo que se projeta, mais sustentável e amigo do ambiente. Para o americano, o último desafio “antes de morrer”, como o próprio assume. Para a portuguesa, a oportunidade de fazer a diferença.
O risco decorre do facto de as baterias atuais apenas funcionarem com um eletrólito líquido. Ao analisar os dados obtidos em 2014 no Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), a cientista ficou surpreendida.
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Depois de expor a mistura química a diferentes temperaturas, ela e o seu colega de investigação Jorge Amaral chegaram à conclusão que estavam perante um vidro de características únicas: o primeiro eletrólito sólido imune a curto-circuitos e capaz de operar à temperatura ambiente. “Não fazia a menor ideia de que era essa a solução”, admite Helena Braga.