Amar alguém que deixou de te amar é uma coisa brutalmente violenta. Perceber que alguém que foi o teu refúgio de tudo o que não é constante afinal também é temporário é horrível. Perder alguém que está a 10 minutos de carro e uma chamada de telemóvel de ti é duro. Na verdade, a pessoa não desapareceu do mundo, só desapareceu do teu mundo. Aceitar que alguém tem o direito de seguir a sua vida normalmente enquanto a tua pára por completo é revoltante. Tu amas alguém que te deixou perdido num canto sem razão aparente e foi viver.
Tu é que acordas a pensar naquilo. Tu é que te deitas a pensar naquilo. Tu é que tens de descobrir um botão em ti que desligue o que sentes. Tu é que tens de levantar a cabeça sem vontade nenhuma quando ouves aquelas frases profundamente ignorantes como “isso passa”, “tens de ser forte” ou “a vida continua”. Está tudo bem para toda a gente, mas para ti não está. Tu é que tens de reaprender tudo até ao último pormenor: como sair da cama, como descer as escadas, como ter fome, como não acordar a meio da noite, como enfrentar o silêncio.
É certo que não podes obrigar alguém a amar-te, mas também não podes obrigar-te a deixar de amar alguém de um momento para o outro. Precisas do teu tempo para sentir dor, para chorar, para partir coisas, para cometer erros, para ser irracional. Ninguém é tão forte que consegue ultrapassar a dor sem a sentir verdadeiramente primeiro, há é pessoas que a enterram dentro delas. A solução não está em forçar a esquecer, mas em aprender a ocupar os dias, a não parar nem por um segundo, a encher a tua cabeça com tanta coisa que não resta espaço para mais nada.
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– Não mendigues atenção de ninguém, muito menos o amor.
E quando essa história termina fica o quê? Ficam feridas que te irão acompanhar durante muito tempo de uma forma ou de outra e que, de vez em quando, voltam a doer um bocadinho, mas cada vez menos à medida que as aceitas em vez de as ignorares. Se algum dia saram na totalidade? Também gostava de saber, ainda não cheguei lá. Se algum dia voltas a ser feliz? Sim e não há nada mais libertador do que saber que já não precisas de alguém de quem já dependeste descontroladamente. Querer, contudo, é outra coisa. Acho que, no teu íntimo, ainda que bem submerso, o querer vai sempre estar lá.