Essa frase atribuída a Mahatma Ghandi: “Um covarde é incapaz de demonstrar amor. Isso é privilégio dos corajosos”, é uma forma mais elaborada à atualmente falada Amar é para os fortes. Mas por que o seria?
Acredito que seria porque amar é doação. Doação de tempo, de pensamento, de cuidado. E quem é covarde não se presta a tanto – não abre mão de seu tempo, de pensamento ou cuidado por medo de perder sua identidade.
Porque amar é entrega. Entrega do eu verdadeiro, ocultado nos recônditos mais profundos de cada um. Entrega da mente e do corpo. E um covarde não se permite ser desvendado, exposto por medo de perder o halo de força.
Amar é partilha. Partilhar o mesmo prato, os mesmos objetivos, a procura pela felicidade. E os covardes são egoístas e os seus temores superam a ideia de repartir com alguém que possa ser mais forte que ele.
Amar é multiplicar. Multiplicar o bem querer, a admiração, o desejo e amparo. E um covarde só multiplica a sua própria vergonha.
Amar envolve. Envolve os sentidos. Envolve o pensamento. Envolve a grandeza do ser. E o covarde tem medo de envolvimento e responsabilidade. Não se permite ser abraçado e abraçar pelo sentimento.
Amar é tão simples, porém não é fácil. É deixar-se levar, desprender as amarras e ao mesmo tempo fazer o possível para manter o rumo. É desejar estar junto e igualmente deixar partir. É crescer mutuamente e ainda assim ser a escada do outro alguém.
Amar é mesmo um privilégio dos corajosos. Dos que se lançam no espaço muitas vezes sem uma rede de proteção. Dos que se entregam mesmo quando não correspondidos. Dos que compartilham ainda que sejam as migalhas do pão. Amar é regalia dos que se permitem mostrar o que há de mais oculto de si, dos que assumem perante os outros este sentimento tão desvairado e complexo.
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Amar é para os fortes. Daqueles que ainda que com medo do porvir, reconhecem que o desconhecido é desafiador e seguem em frente. Que mesmo com lágrimas nos olhos têm a certeza de que estão no caminho certo, pois, os covardes tampouco choram ao reconhecer que não sabem amar.
