A menstruação pode doer tanto quanto um ataque do coração. É uma dor intensa, ensurdecedora, invasiva, profunda, monstruosa, difusa e desesperadora. Grande parte das mulheres sofreram estes episódios em alguma etapa da sua vida e, algumas, em todas.
A publicidade e a sociedade em geral se empenham em silenciar a dor associada a estes dias e o incómodo que sofremos durante este período. Contudo, o castigo não apenas se limita a nos mostrar a irrealidade da menstruação como “o mundo das maravilhas entre algodões”, como também temos a contrapartida que afirma que “nesses dias do mês, estamos estragadas”. Duas caras da mesma moeda.
Não estamos estragadas, somos benditas: contra o estigma
Não devemos negar a realidade de que mais da metade das mulheres sofrem fortíssimas dores antes e durante a menstruação.
Além disso, quem não recebeu o sarcasmo daqueles que não a compreendem como resposta às suas dores e ao seu mal-estar na menstruação? Uma coisa que, sem dúvida, ninguém imaginaria é fazer uma gozação no caso de que a dor fosse derivada de uma cólica intestinal ou de um enfarte do coração.
Portanto, o facto de ser um “mal feminino” num mundo cientifico que sempre foi principalmente masculino e machista ao longo da história dificultou que se tomasse consciência da necessidade de estudar estas questões.
Esta dor e o conjunto de sintomas que acompanham a menstruação estão associados aos ciclos ovulatórios e respondem a uma inter-relação entre fatores fisiológicos e fatores psicossociais. No caso de não haver dano físico que o explique (como por exemplo a endometriose), denomina-se este conjunto de sintomas de dismenorreia primária.
Os sintomas, embora sejam variáveis e diversos, podem ser os seguintes:
Dor abdominal.
Dor nas costas especialmente intensa na região lombar.
Câimbras na região abdominal e lombar.
Dor nas pernas, especialmente intensa nas coxas.
Mal-estar geral, silencioso e contínuo.
Dor de cabeça e fraqueza.
Tonturas, vómitos e falta de apetite.
Edema abdominal.
Diarreia ou prisão de ventre.
Dores nas mamas.
Sentimentos disfóricos.
Manchas faciais e espinhas.
Pelo facto dos sintomas negativos associados serem tão diversos, é complicado definir de forma operacional e clara o que isto implica sem cair em contradições entre o que sofre uma mulher e outra. Contudo, é bom trazer à luz que estes sintomas são reais e que algumas mulheres passam muito mal nestes dias.
Sintomas disfóricos: tristeza e irritabilidade antes e durante o período
Durante os dias prévios à menstruação, assim como nos primeiros dias, a mulher está submetida a grandes mudanças hormonais que podem provocar, além de fortes dores, um estado de ânimo profundamente triste, instável e irritadiço. Isto, longe de ser patológico, é normal e comum (apesar de haver comunidades interessadas em afirmar que é patológico).
Portanto, em termos de humor, podemos experimentar nestes dias:
Mudanças de humor: é comum se sentir triste ou chorosa e ter maior sensibilidade à rejeição.
Irritabilidade intensa e chateação: isto contribui para criar conflitos.
Sentimentos de desespero e ideias de desprezo direcionadas a si mesma.
Ansiedade, tensão ou sensação intensa de estar com os nervos à flor da pele.
Diminuição do interesse por coisas que em outro momento interessariam.
Dificuldade de concentração.
Letargia, cansaço ou falta de energia.
Necessidade de dormir muito ou insônia.
Sensação de estar sobrecarregada e de não ter nada sob controle.
Etc.Quando sofremos estes sintomas é importante saber que a melhor forma de suportá-los é procurando relaxar, pois isto ajudará a não focar na dor e assim suportar e lidar com menor sofrimento com os problemas que nos acompanham durante a menstruação.
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Lembra-te, portanto, que estes problemas podem surgir e que o facto de conhecê-los e partilhá-los deve ajudar a normalizar aquelas mudanças e incómodos que as mulheres experimentam todos os meses. Lembremos que somos barcos hormonais que às vezes navegam em tempestades e outras num mar de calma. Compreender isto não é apenas coisa de mulheres.