A EMEL foi multada estava a multar mal, ou seja, a fazer cumprir a lei fora da lei. Para aprender a multar-nos melhor, foi multada. Bem feita. Acho eu.
A ASAE multou a EMEL. Certos parquímetros não possuíam uma determinada certificação.
Tanto a ASAE como a EMEL têm um propósito. A acção de ambas destina-se a melhorar os costumes. É importante que a comida, por exemplo, seja confeccionada em condições de higiene e segurança, e a ASAE esforça-se por garantir que isso aconteça.
Os lugares de estacionamento são um bem escasso (em Lisboa, por exemplo, há três vezes mais carros do que lugares), e a fiscalização da EMEL possibilita a necessária rotatividade.
Ora, pessoalmente, sou favorável a que a sociedade se organize civilizadamente – desde que eu possa continuar a viver como um selvagem. Em teoria, concordo com a segurança alimentar, mas na prática desejo, volta e meia, comer uma gordurosa bifana frita em óleo de há dois anos.
Valorizo o trabalho da EMEL que me permite encontrar um lugar vago, mas abomino os fiscais que não me deixam usufruir do lugar para além do limite logo no dia em que não tenho moedas, que chatice. Oscilo entre o estado atilado “Eduquem estes bárbaros porque eles só percebem assim” e a disposição rebelde “Mas que intolerância é esta? Vão multar a vossa mãe.”
Neste caso, multou-se quem multa. Multar o multador é uma operação com implicações filosóficas importantes.
Significa que havia uma hierarquia de moralidade e que um dos moralistas considerou que o outro moralista carecia de moralização.
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Além disso, a EMEL foi multada porque não garantiu as melhores condições para multar. Estava a multar mal, ou seja, a fazer cumprir a lei fora da lei. Para aprender a multar-nos melhor, foi multada. Bem feita. Acho eu. São demasiadas ambivalências num processo só.