Gosto de ti, mas prefiro a minha liberdade. “Eu gosto de ti, gosto de estar perto de ti, mas, no momento em que estou a viver, prefiro a minha liberdade”.
Esta foi uma frase que se repetiu por alguns anos durante a minha vida, na sua maioria, proferida pela a minha própria boca. Ela surgia quando eu notava que a minha liberdade poderia ser invadida por outra pessoa ou quando sentia que a pessoa poderia se arrepender de entrar no meu turbilhão de ideias, excessos e vontades loucas e imediatistas.
Muitas dessas pessoas que, alegremente, deixaram-me um pouco de si, podem ter achado que era puramente medo do amor ou do envolvimento, mas, não, sempre considerei como uma atitude egoísta que eu precisaria ter para realizar os meus mais íntimos sonhos; e neles, infelizmente, eu precisava estar sozinho. Eu necessitava ser um pouco inconsequente para me desprender de amarras que habitavam em mim, e levar alguém comigo para a instabilidade, seria injusto demais.
Conservar a minha liberdade e as minhas solitárias introspecções numa relação sempre foi uma maneira doce e suave de me manter ao lado de alguém. Existem pessoas que são como pássaros, elas têm asas, e por isso, podem levar seus amores para lugares deslumbrantes e cheios de bem-querer, mas precisam da sua liberdade e das suas asas em pleno funcionamento.
Asas presas, como se fossem uma solução para evitar um possível adeus, não fazem sentido, muito menos cumprem o seu papel, pelo contrário, sufocam e, mais cedo ou mais tarde, instigam a partida. E por que fugiríamos de um lugar onde só deveria haver amor? Por que alguém que diz nos amar iria nos colocar em uma gaiola repleta de ego e caprichos?
Acontece que existem tolos que pensam que as escolhas do amor devem ser binárias, como se para escolher o amor, a confiança, precisássemos doar ao outro a nossa liberdade. Mas permutar amor por liberdade nunca é uma troca justa.
Nenhum amor merece uma troca tão triste e egoísta como esta. Seria bom se pudéssemos avisar aos que ainda não sabem, ou, se sabem, não têm coragem para romper a barreira dessa invisível gaiola.
A minha fase liberta, de mochila nas costas e alguns trocados no bolso, de horários trocados e lençóis, muitas vezes, ao chão, de semanas solitárias e coração cheio, foram de suma importância para quem sou hoje.
Fui muito feliz sozinho, como sou muito feliz amando, pois, sei a importância de respeitar cada um dos nossos momentos, sejam eles solitários ou na companhia de outros corações. Se sentes que, neste momento da vida, amas mais a tua liberdade que um companheiro, escolhe a liberdade.
Não te julgues por isso, as escolhas não precisam ser eternas, muito menos devemos viver o desafecto das escolhas que deixamos de fazer. Ouvir o coração, sem te preocupares com as estratégias que muitos fazem para serem felizes, como se a felicidade fosse um estágio pleno e integral, como se o casamento ou a busca da eternidade em uma relação fosse a única e exclusiva certeza de amor entre nós, é sempre uma escolha digna.
A liberdade é uma linda ponte entre o que somos e o que gostaríamos de ser, ela nos abre os olhos para novas oportunidades de amar e maneiras de nos respeitar cada vez mais. E se soubermos nos respeitar, sem ficarmos reféns do ego, aprenderemos a nos amar verdadeiramente. Acontece que quando a gente ama, não perdemos a liberdade, mas, sim, unimos duas pessoas que já eram felizes sendo livres e, por opção, decidiram voar juntos e assim admirar a belíssima vista que somente os belos pássaros com longas asas podem ver.
Portanto, não deixes de amar ninguém por medo, muito menos não deixes de viver a tua liberdade por receio do tempo passar e não viveres o grande amor que espera, a vida guia e as concessões são sempre sábias, confie nelas.
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Ser estrategista quando o assunto é a tão instável e inconstante felicidade, é implorar de joelhos para cair na escura fresta das expectativas, e eu imagino que queiras voar… então, aprende a respeitar os ciclos do coração. Pois, quem sabe respeitar o meu voo nocturno e o meu silêncio, sempre terá o melhor de mim.