Coragem é recolher os pedaços partidos e reconstruir-se novamente.
Ninguém nunca saberá quantas vezes conseguiste te manter de pé mesmo sabendo que estavas a cair aos pedaços. Só tu sabes onde estão as marcas das tuas feridas, essas que foste reconstruindo muito lentamente, com um fio muito fino e a agulha das decepções. Porque a coragem nunca é ausência de sofrimento ou dor, mas sim a força de continuar em frente apesar do medo…
Dizem que é de corajosos sorrir enquanto se está em frangalhos, mas coragem é, acima de tudo, ser capaz de recolher cada pedaço desses sonhos quebrados e reconstruí-los novamente, para serem mais fortes, mais dignos, mais belos.
Poucos instantes vitais irão demandar tantos recursos interiores como esses nos quais de repente sentimos como se todo o nosso ser tivesse desmoronado por dentro e só restassem tristes escombros. As depressões, os traumas ou as perdas são momentos de grande dificuldade. Momentos nos quais a coragem pessoal é posta à prova.
Assim como disse Ernest Hemingway, “a vida quebra-nos a todos em algum momento, mas apenas poucos conseguem tornar as suas partes quebradas mais fortes”. Portanto, vale a pena incorporar esta simples mas maravilhosa metáfora: quando alguma coisa valiosa se quebra, se rompe ou se perde, uma forma de superar o problema é não esconder nunca a própria fraqueza, a própria fragilidade.
Porque esses vínculos magoados podem ser reparados graças à resiliência, a essa habilidade de superar toda dificuldade para selar com ouro cada ferida, cada buraco, cada sonho quebrado, e reerguer-nos então como criaturas ainda mais fortes.
Estratégias para unir nossos “pedaços quebrados”
Recolher nossos “pedaços quebrados” não é fácil, mas também não é impossível.
Se aceitarmos que todos, de alguma forma, somos arquitetos dos nossos próprios cérebros, também aceitaremos que somos totalmente capazes de aumentar a nossa coragem pessoal, a nossa força e otimismo para favorecer a mudança. Sendo assim, acontecerá a cura que reflete a arte de Kintsukuroi, através da qual nos transformamos em pessoas muito mais fortes graças aos fios dourados da resiliência.
De certa forma, a ideia dos “pedaços quebrados” parece um pouco ao que acontece com o cérebro quando nos encontramos em momentos de crise. Mais do que quebrado, está “desconectado”.
Pouco a pouco iremos nos reconectando a nós mesmos e com a realidade que nos rodeia. Este é o momento mais difícil porque vão aparecer todas as emoções juntas: a ira, a tristeza, o choro… Não tente contê-los, facilite o desabafo emocional.
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A última fase e a mais decisiva é a reintegração. Nessa hora precisamos ser capazes de reconhecer a nossa própria mudança. As experiências traumáticas são sempre como ossos quebrados da alma, feridas que devemos curar para voltar a caminhar, a nos reintegrarmos plenamente ao movimento da vida. É hora, nessa fase, de recobrir as marcas das nossas próprias feridas com pó de ouro.
Porque já não seremos os mesmos de outrora. Acredita se quiseres, se tivermos feito todo este processo direito, seremos incrivelmente mais fortes.