Ainda tens pai, mãe ou ambos? Dá-lhes todo o amor que puderes.
Quando nos despedimos da nossa mãe, sepultamos um pouco de nós.
As despedidas, no geral, maltratam. E o que dizer sobre despedir-se da mãe? Para mim, esse tema é tão desolador, que, ao me imaginar escrevendo sobre ele, as lágrimas brotaram imediatamente.
Quando perdemos a nossa mãe, tanta coisa se agiganta dentro de nós. Fica um grito preso na garganta e uma louca vontade de voltar no tempo.
O arrependimento também vira uma visita constante e incómoda. Arrependemo-nos por não ter tido mais paciência em determinados momentos, puxa vida, não custava nada! Nós nos arrependemos de não ter demorado mais dentro do abraço dela, a cada vez que isso acontecia. E por que não dissemos com mais frequência e ênfase que ela estava linda dentro daquele vestido florido e acinturadinho?
Por que deixamos passar tantas oportunidades de acariciar aquele rostinho tão sofrido? Por que nunca dissemos que, apesar das marcas do tempo, ela era muito linda? Por que omitimos dela que tínhamos muito orgulho da guerreira que ela foi? Tantos “porquês”, tantos “e se”…tantos “ah, se eu tivesse”.
E assim vamos levando a vida sem o amor que era uma amostra do amor de Deus. E nos damos conta de que, aqui na terra, nenhum amor se assemelha ao dela.
Uma mãe não ama o filho porque ele é bom, bonito ou inteligente. Ela o ama porque, ao dar à luz, esse amor incondicional lhe foi apresentado e pronto.
Não importa a idade que tenhamos ou o quão bem sucedido sejamos, quando a nossa mãe vai embora, nós nos sentimos sem direção e com medo. Talvez medo de não conseguirmos caminhar sem aquele amor que era uma certeza para nós. Afinal, a certeza de sermos amados, ainda que por uma única pessoa, nos empodera e nos imuniza das mazelas desse mundo.
Então, perder esse amor nos torna desprotegidos e assustados. Sabes, carinho de mãe é sempre aveludado, por mais ásperas que sejam as tuas mãos. O cheiro dela é sempre gostoso, mesmo que ela não use perfume…é cheiro de amor.
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Sempre que viajo de avião e este passa por entre as nuvens, eu fantasio que estou bem perto dos meus pais. Eu os imagino sentados num banquinho olhando para o horizonte e esperando por mim. Eu imagino um monte de histórias que contaria a eles.