A sensibilidade traz-me tristezas lindas.

A sensibilidade traz-me tristezas lindas….

Só tu sabes o que passaste. Só eu sei o que passei. Sei dos amores que me doeram, dos amores que nunca mais fizeram questão de me dirigir os olhos, dos amores que nem sei se realmente foram amores.

São tantas as confusões que, se foram mesmo amores, infelizmente não sei mais o que quero sentir daqui para a frente.

A sensibilidade que tenho para escrever as inquietações do coração é a mesma que me faz afundar em tristezas e lembranças. Eu brinco de sofrer, de vasculhar o que há aqui dentro, e nem sempre encontrar o que eu gostaria. Alguns poderiam, na ciência de si, achar isso uma loucura. E quem disse que não é?

Sou brisa e furacão, intensidade e mansidão, nada e tudo, ao mesmo. Eu sofro com propriedade. Sorrio na eterna vontade de abraçar a todos. Sou euforia no beijo e no silêncio. Para mim, saber sofrer em momentos pontuais sempre foi um dom que conservo comigo. Sinto-me vivo, sensível, deixo-me doer, faço-me empático com os outros, mas principalmente comigo.

Volta e meia, quando sozinho, sentado na varanda da minha casa que tanto me faz companhia, dou comigo a lembrar-me das pessoas que levaram um pedaço do meu coração e nunca mais me devolveram. Mal sabem elas que sempre há amor comigo. Mal sabem que, independentemente do que haja ocorrido, ela sempre farão parte da minha história, por bem ou por mal.

Amores sempre têm sua importância, e descartá-la é, como diz a minha mãe, tapar o sol com a peneira (acho muito engraçado quando ela diz isso). Mesmo com tantas emoções sendo vizinhas, não fujo dos obstáculos, das dores, dos desafetos que me batem à porta sem nem me pedir licença. Olho no olho, choro junto, rio na cara do perigo, peço que seja louco, imprevisível ou sereno, mas que, por favor, haja amor.

A sensibilidade traz-me tristezas lindas – há tanta beleza na tristeza –, mas, por outro lado, me faz me perder em questões simples de serem resolvidas. Dizer “não” é um sacrifício, sempre me sinto culpado, principalmente quando me deparo com entregadores de panfletos nas ruas; dizer “não” a eles ainda é um treino diário para mim. Deixar de gostar de alguém é um martírio, sempre acredito que o fim ainda não é o real fim. Me iludo, viajo nas possibilidades, brinco como quem brinca com fogo, de continuar gostando de quem não gosta mais de mim.

Viver sem me apaixonar é para mim algo inexistente. Qual é a graça da vida sem a sensibilidade de se apaixonar pelas esquinas?

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Ser sensível é viver tudo à flor da pele, é amar sem se preocupar com o amanhã. É, também, carregar muitos desafetos, muitas tristezas e alegrias únicas. Talvez essa seja a maior qualidade de ser sensível: todas as emoções são sempre únicas. Mesmo sentindo-me estranho e meio tolo nas minhas decisões, quase sempre tomadas pela emoção, eu não deixaria de amar com a intensidade que amo. Nem se eu pudesse ter domínio de mim. Nem assim.

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